4 de junho de 2009

Zoológicos e afins

Ao atravessar uma passarela para ir ao parque La Citadelle, em Lille (norte da França), me deparei com um lindo zoológico. De onde eu estava conseguia ver uns macacos meio enlouquecidos confinados numa mini ilha, um pavão perdido entre um monte de entulho, um rinoceronte numa área apenas 5 vezes o seu tamanho, umas tartarugas superpopulando uma táboa de madeira no lago e uns pelicanos solitários... Tentei achar a entrada do zoológico, mas sem sucesso.

Desculpem se minha descrição tira a poesia do momento. Só esclarecendo, já que vocês não estavam lá, sim o zoológico era bonito. Dentro dos limites de beleza que há numa vitrine de bichos (que na minha opinião, ficam no mínimo surtados quando enclausurados dessa forma). É que há muito meus olhos enxergam os zoológicos de uma outra perspectiva.

Fico perplexa com os meios que utilizamos para nos entreter. Seguindo a mesma linha de raciocínio dos zoológicos, estão os viveiros de aves e os aquários. Mário Quintana disse uma vez: “O mais triste de um pássaro engaiolado, é que ele parece feliz”. Acho que posso dividir minha vida/opinião sobre esse assunto em duas fases: antes e depois dessa frase. Já não gostava da idéia de pássaro engaiolado desde a minha infância, na adolescência começou minha restrição à aquários e parques aquáticos com animais, os zoológicos e circos entraram na minha lista negra há alguns anos e tenho repensado bastante minha relação com os animais domesticados.

Ano passado, me dei conta que montar cavalo, que eu simplesmente adorava quando pequena, hoje me dá náuseas. Lá estava eu, no dorso do cavalo, todo selado e cheio de parafernália na boca, quando de repente me perguntei: que diabos estou fazendo aqui em cima? Ainda dei umas duas voltas com essa pergunta me martelando a cabeça, me sentindo uma estúpida troglodita me divertindo às custas de outro ser vivo, assim sem ter nem pra quê. Desci e nunca mais montei num cavalo. De lá pra cá tenho me questionado sobre os gatos e cachorros criados em cidades, seja em minúsculos quintais ou em ínfimos apartamentos. Não. Isso não faz nenhum sentido pra mim.

Não estou questionando a importância cultural, histórica nem econômica da relação bicho-homem. O caminho que percorremos até aqui foi um, seja por esse ou aquele motivo, e chegamos onde estamos, da forma que pudemos. Mas escolho seguir um outro caminho daqui pra frente. Principalmente no quesito entretenimento.

Estava conversando uma vez sobre zoológicos com uma amiga e ela fez a seguinte ponderação:
- Mas é importante para as crianças terem contato com os animais para conhecerem a biodiversidade.
- Também acho, mas pra isso podemos usar a internet. Existem tantos recursos interessantes hoje em dia.
- Ah, mas é diferente ver os animais no computador em vez de vê-los em seu ambiente natural.
- Seu ambiente natural? Pensei que fossem as selvas, savanas, florestas...
- ...

Com todo respeito às opiniões adversas, os esportes como equitação, corrida de cachorros, caça; os entretenimentos como parques aquáticos, zoológicos, aquários, circos e a domesticação de animais (incluindo os bichos de estimação) definitivamente não são a minha praia.

3 comentários:

Raquel de Meneses disse...

zoológico me faz chorar.

Zé Trindade disse...

Finha (ou você não é a colega de Renata?): bacanas os seus textos. Os questionamentos sobre o consumismo, a mania de o homem pensar que a natureza foi criada para ficar à sua (dele) disposição... Só um reparo: o sobrenome do autor da frase sobre a gaiola: Quintana. Um abraço.

Unknown disse...

Fernanda, adorei tanto teu blog, que estou pensando em fazer um, hehehe. Tb teus textos e para mostrar que estou gostando, quero deixar minha marca nesse daqui, que tem haver com meu momento :)

Eu tinha um pensamento negativo antes de ter contato com o Zôo e depois de começar a estagia la' mudei “em parte”.
Muitos animais que estão no Zôo de Salvador vêem de cativeiro particular ou/e estão num processo que a reabilitação seria quase uma utopia. Seja de primatas que com certeza não seriam aceitos em algum grupo, ou de um leão de circo, que não tem a habilidade para caçar, ou de uma ave que possuem a musculatura da asa atrofiada, porque sempre viveram na gaiola da casa de alguém. O zôo recebe todos esses animais, oferecendo um refúgio. Aliando isso à curiosidade dos visitantes e estudos científicos.
O que precisa mudar na mentalidade humana é a questão dos maus tratos aos animais, o comercio, o desmatamento...


Bjaum Fernanda