16 de junho de 2009

Bicicleta nossa de cada dia, ou, um ensaio sobre o consumo


Finalmente! Depois de 26 anos estou realizando um grande sonho: usar a bicicleta como meio de transporte. 10 km por dia já é um ótimo começo. Vou e volto para o trabalho todo dia com o Velib, que é um sistema de bicicleta pública daqui de Paris. Com uma anuidade de 30 euros, pago pelo serviço de ter uma estação de Velib a cada raio de 100 metros. É muito bom não precisar seguir o nosso velho hábito de consumo de sempre comprar para suprir uma necessidade.

Imagino como seria se em vez de TER COISAS passássemos a UTILIZAR OS SERVIÇOS prestados por "uma coisa" comunitária. Onde ninguém é dono de nada e ao mesmo tempo todos são donos. Todos cuidam, todos zelam, cada um com sua especialidade e conhecimento específico.

Tenho reduzido bastante o consumo em meu dia-a-dia. Acho que mais de 95% de tudo que eu já comprei desde que cheguei aqui foi alimento. E a cada dia tenho me esforçado para diminuir mais e mais o impacto ambiental e social de minhas escolhas.

Tudo começa com a simples pergunta: eu REALMENTE preciso disso que quero comprar?
Mas nem sempre a resposta é tão clara e objetiva. Muito pelo contrário: ao meu ver, a idéia/sentimento de “necessidade” é extremamente subjetiva. O “querer” em si já depende de muitos aspectos externos à nossa própria natureza e que acabam se tornando tão intrínsecos a nós. O lugar onde vivemos (com seus hábitos e cultura), o lugar de onde viemos (nossas origens familiares e culturais) e o contexto histórico em que estamos inseridos faz toda a diferença.

As mensagens subliminares que recebemos a todo instante seja pelos livros, programas de televisão, filmes, conversas no dia-a-dia, propagandas e etc, nos dizem como precisamos ser para pertencermos à esse ou aquele grupo de pessoas. E cada vez mais essa mensagem tem sido: compre, tenha e você será. O que tem unido as pessoas atualmente, além de comportamentos e idéias em comum, tem sido o que elas possuem de bem material em comum. E isso faz piscar minha luz vermelha interna de PERIGO.

Posso de cara pensar em três aspectos negativos dessa cultura de consumo: os impactos ambientais que ela causa, a segregação socio-econômica que ela gera e a anulação da essência de cada indivíduo em virtude da massificação do comportamento.

Mas acho que pensar junto é muito mais rico e produtivo. Então vou postar essas idéias aos poucos.

2 comentários:

Andanhos disse...

Oi, Fernanda. Tudo bem?
Vi seu link na comunidade "Viajar é bom e eu gosto" e gostei muito de seu blog! Bonito, interessante, inteligente e consciente.
Ainda tenho que melhorar alguns hábitos meus, mas me preocupo bastante com a preservação do meio ambiente e procuro ter atitudes sustentáveis e saudáveis.
Essas bicicletas de Paris são uma ótima opção! Eu adoro caminhar e procuro fazer muitas coisas a pé. Caminhar ou pedalar faz bem para a natureza e também para nossa saúde.
Beijos.

Rosa Heimer disse...

Nanda, vi hoje seu blog atraves do orkut!
nossa, achei fantástico isso que li aqui... que delicia esse sistema de bicicletas públicas! pena que aqui em madrid nao incorporaram isso ainda! E pensando agora sobre tudo isso, sociedade de consumo, eu acho Madrid na verdade é uma cidade muito consumista, lojas por todos os cantos e pessoas a todo tempo comprando e preocupando-se em estar na moda ou ser "cool", é preciso ter cuidado para nao ser engolida por toda essa onda!
Bom, mas fico feliz de saber que as coisas por aí estao indo bem!
curta um montao!
beeeijos.