28 de maio de 2009

Couchsurfing em Lille - maio 2009

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Paris tem me surpreendido a cada esquina. Uma cidade grande com muitas opções do que fazer: piqueniques nos parques, passeios à pé ou de bicicleta pelas ruas, cinemas, cafés, bares... Mas ainda assim, quinta-feira passada foi dia de colocar a mochila nas costas e pé na estrada!

Pegamos o metrô até o subúrbio norte de Paris para daí então ter acesso ao posto de gasolina que beira a rodovia. Quer dizer... as coisas não foram tão simples assim. Entre nós e o posto havia um muro liso de mais de 2,5 metros.

(não foi esse o muro pulado. Foi um parecido só que com 4 blocos de altura em vez de 3)


Mas aventura sem obstáculo não vale, então logo de cara nos deparamos com esse primeiro desafio. E tenta de lá, e tenta de cá, e sobe um pra ver se dá mesmo, e desce, e tira o tênis, e sobe o outro e... pimba no chão! Bem... dá pra imaginar que esse pimba me pertenceu, né? Caí em pé, descalça, por muito pouco não caí em cima do matagal cheio de espinhos que se estendia por todo lado. O corpo gelou, o coração trimilicou e só depois de alguns segundos senti minha barriga ferver. Durante a queda ralei ela na base do muro. Toda. Não sobrou um tantinho de pele ilesa pra contar a história imparcialmente. Mas, como já dizia nosso bom e velho Ivan Lins "Desesperar jamais / Aprendemos muito nesses anos / Afinal de contas não tem cabimento / Entregar o jogo no primeiro tempo". Chora o que tem que chorar, respira fundo e muro acima novamente. E no horizonte a estrada se despontou magnífica.

Primeiro destino: Lille - norte da França. Conseguimos uma carona até o próximo e mais movimentado posto e em 4 horas estávamos em Lille.


Fomos recebidos por Pierefrancesco, um italiano que mora lá há 4 anos e vai passar julho viajando pelo Brasil e depois nossa anfitriã do couchsurfing (www.couchsurfing.org) Aurelie apareceu. Uma jovem de 21 anos, franco-alemã, gente finíssima, que está morando em Lille por 6 meses para fazer parte de seu mestrado, filha de diplomata que a cada 2 anos mudava de país, com 5 irmãos aos quais se referia pelo número de ordem de nascimento (não sei o nome de nenhum deles) e que também morre de vontade de conhecer o Brasil (mas morre de medo da violência de daí também).

(aconchegante studio de Aurelie. Dormimos no sofá azul)

Fomos os quatro, eu, Deco, Aurelie e Pierefrancesco para um evento musical aberto ao público chamado L'Accordeon (com, na verdade, mais 2 couchsurfers, uma americana e outra de alguma parte da asia, que da mesma forma que se juntaram ao grupo, desapareceram na multidão e nunca mais tivemos notícias delas). Foi um show de dança e música do Senegal, com a partcipação, bem no final de um carinha tocando acordeon junto com os tambores.

Era tanta batucada, tanto movimento, as mulheres lindíssimas dançando com todo o corpo, pulando com as pernas pro alto, sacudindo os braços e fazendo uma careta mais linda que a outra em reverência à batucada dos atabaques e tambores dos homens. Coisa de louco!

Jantar na casa de Aurelie: espaguete ao molho de tomate e atum. (Será que foi por isso que o italiano relutou tanto em comer?). Voltamos para assistir uma outra apresentação de cantoras italianas. Maravilhoso! Alegria, música e dança no palco... platéia do teatro em êxtase. Mas chegamos no finalzinho. ã essa hora já eram quase meia noite e meu corpo já não respondia direito aos meus comandos. 4 horas de sono na véspera da viagem e de pé desde às 7:30 da matina. E eu sou uma daquelas que perco toda a doçura do meu ser quando estou com sono. E com fome. Enfim, casa e cama.

(eu, Deco, Pierefrancesco e Aurelie)

O dia seguinte amanheceu tranquilo e ensolarado pela segunda vez (o que em Lille é quase um milagre. Sempre tá nublado ou choviscando). Chá com pão e geléia de cereja pela manhã e mais horas de conversa agradável com nossa anfitriã. É tão bom quando deixamos os medos e "se"s de lado e nos abrimos ao desconhecido. Os desconhecidos podem se mostrar pessoas tão interessantes, boas e acolhedoras quando temos a chance (e nos damos a chance) de conhecê-los.

A aventura não terminou por aqui. Uma voltinha a mais em Lille e pé na estrada novamente. Direção: Gent - Bélgica. Mas essa é uma outra hitória...

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