4 de maio de 2010

História de elevador

Acredito que o elevador foi uma invenção muito importante (por que não dizer révolucionária?) para a humanidade. Sua presença modificou radicalmente as malhas urbanas do ponto de vista horizontal: passou-se de um máximo de talvez 8 andares (?) para os máximos 160 andares do Burj Khalifa, em Dubai.

Em Paris, a maioria dos edifícios vão até os 6 andares (com exceção de algumas "torres" - como eles chamam aqui - mais perto da periferia e da conhecida Torre Montparnasse de 64 andares bem no meio dos tetos baixinhos dos prédios de antigamente (uma boa parte deles ainda sem elevador).


Torre Montparnasse:


Photo: Sergio Calleja (provavelmente do alto da Torre Eiffel)


Padrão arquitetônico de Paris:


(autor da foto desconhecido por mim)

Acredito que eu faça parte de uma pequena minoria que mora em um edifício alto (8 andares), moderno (expressão ligada exclusivamente ao fato de ser uma construção relativamente nova, nada a ver com nenhum movimento artístico/arquitetônico) e COM elevador.

Como moro no quarto andar, a expressão "pra baixo todo santo ajuda" tá valendo e desço de escadas (levantando a bandeira do menos consumo de energia & mais saúde). Agora para subir... Cadê que meu corpo acha ânimo de encarar? :( Sei que acaba sendo mais psicológico que físico, mas por enquanto aceito essa limitação.

E agora pela manhã, depois de jogar o lixo fora e pagar o aluguel pro "gardien" (uma função entre síndico e porteiro que não sei explicar muito bem), peguei a boa e velha carona pra subir.

Tinha mais alguém comigo no elevador. Eu parava no 4 e ele no 6. -"Bonjour" (a saudação de entrada)... (silêncio... um olha pra cima, o outro pra baixo...)... - "Au revoir" (a saudação de despedida).

Vou confessar que tem coisas na vida que não consigo me acostumar e achar normal. E essa situação clássica de elevador é uma delas. Ficar dentro de um cubículo (mesmo que por alguns segundos) com alguém (que pelo visto não se tem nenhum interesse de se conhecer) e fingir que não tem ninguém lá. Vixe! É demais pro meu coração.

Infelizmente não sou daquelas pessoas que numa situação dessas conversa e puxa assunto. Juro que admiro quem consegue sair desse buraco de desconforto e falar coisas engraçadas (sei que não dá para estabelecer uma conversa com um desconhecido em apenas alguns segundos).

Fico só rindo por dentro da situação patética a que nos submetemos nos dias de hoje. Moramos com vizinhos por tudo quanto é lado (em cima, embaixo, esquerda, direita) e sabemos nada (ou sabemos muito pouco) deles.

Eita coisa estranha...

Um comentário:

Renata Rocha disse...

Sera,
ontem entrei no elevador com Dê e uma outra moça.
Ele virou de costas pra ela e começou a fazer umas caras engraçadas... Comecei a gargalhar e, ainda bem, logo chegamos no andar.
Ficamos por um bom tempo, depois, conversando com amigos sobre esssas situações... Coincidência, né?